Esse número pode triplicar se os países não cumprirem seus compromissos com a redução das emissões de gases do efeito estufa e se o financiamento climático não priorizar os serviços sociais e de resiliência infantil
CIDADE DO PANAMÁ, 28 de agosto de 2025– Até 2030, ao menos 5,9 milhões a mais de crianças, adolescentes e jovens estarão vivendo em situação pobreza devido ao impacto das mudanças climáticas, alertam a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em novo relatório intitulado O impacto das mudanças climáticas sobre a pobreza infantil e juvenil na América Latina.
O relatório analisa a potencial influência dos eventos climáticos extremos no aumento da pobreza entre crianças, adolescentes e jovens, juntamente com os esforços realizados pelos países para reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) e suas estratégias de adaptação e redução de perdas e danos causados pelas mudanças climáticas.
No cenário mais otimista, em que os governos adotam rapidamente medidas para limitar as emissões de GEE, pode haver ao menos 5,9 milhões adicionais de crianças, adolescentes e jovens em situação de pobreza até 2030. No entanto, se os governos adotarem apenas algumas das medidas estabelecidas em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas – seja no que se refere às medidas de mitigação e adaptação, ou às de redução de perdas e danos – ou se demorarem demais para adotá-las, esse número poderá triplicar, chegando a 17,9 milhões de crianças, adolescentes e jovens.
“Crianças e adolescentes são os que mais sofrem com as mudanças climáticas. Não só porque seus corpos em desenvolvimento são mais vulneráveis a eventos meteorológicos extremos, como ciclones ou ondas de calor, mas também porque esses fenômenos comprometem os meios de subsistência de suas famílias e sua educação”, afirma Roberto Benes, diretor regional do UNICEF para a América Latina e o Caribe. “Se crianças e jovens não contarem com os recursos necessários à satisfação de suas necessidades básicas e ao desenvolvimento de seu potencial, e sistemas de proteção social adequados, as desigualdades da região se perpetuarão.”
Apesar de serem particularmente vulneráveis, o financiamento climático não prioriza os serviços resilientes de saúde, nutrição, educação, água e saneamento que são fundamentais para um bom desenvolvimento cognitivo e físico das crianças. Na América Latina e no Caribe, apenas 3,4% do total do financiamento climático multilateral são destinados à infância. Além disso, os cortes no financiamento e a redução das subvenções destinadas à cooperação internacional acontecem em um momento de necessidade sem precedentes, em que milhões de crianças e jovens precisam mais do que nunca desse apoio para mitigar o impacto desproporcional das mudanças climáticas em seu desenvolvimento.
Diante desse cenário, a CEPAL e o UNICEF recomendam que os governos latino-americanos adotem, entre outras, as seguintes medidas para promover políticas climáticas e de proteção à infância e juventude:
- Fortalecer a resiliência climática dos serviços sociais e dos equipamentos de infraestrutura crítica para oferecer melhor proteção a crianças, adolescentes e jovens, com ênfase especial nos primeiros mil dias de vida;
- Aumentar o financiamento climático sensível à infância, com ações destinadas especificamente às necessidades das crianças de diferentes idades.
- Promover maior conscientização, educação e empoderamento climático de crianças, adolescentes e jovens, incentivando sua participação significativa, bem como a incorporação da educação ambiental e climática nos currículos escolares e programas educativos; e
- Fomentar políticas de proteção social adaptáveis e de respostas a emergências que levem em conta as necessidades específicas de crianças e adolescentes.
Observações para os editores:
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Sobre o estudo:
- No estudo, as referências a crianças, adolescentes e jovens dizem respeito a pessoas menores de 25 anos.
- O estudo apresenta dados referentes a 18 países da América Latina e do Caribe, para os quais a CEPAL calcula índices de pobreza padronizados em nível regional: Argentina, Bolívia (Estado Plurinacional da), Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela (República Bolivariana da). A população desses países representa cerca de 95% da população total dos 33 Estados membros da CEPAL.
- Para o estudo, foram quantificados os impactos de eventos climáticos extremos (secas, inundações, ciclones tropicais e ondas de calor) em três cenários meteorológicos, em função das trajetórias futuras das emissões de GEE (gases do efeito estufa), considerando três níveis de esforço por parte dos países para reduzi-las.
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Unidad de Información Pública | CEPAL | +56 22210 2040 | prensa@cepal.org