
- Entre 450.000 e 1,5 milhão de novos engenheiros de energia serão necessários até 2030, mais que o dobro da força de trabalho atual.
- Para 40% dos entrevistados, força de trabalho insuficientemente qualificada e a competição por talentos são desafios para preencher vagas.
- Demanda por energia elétrica aumentará mais de 50% até 2040.
- IA e outras tecnologias emergentes estão mudando a geração e gestão de energia.
- Desafios da indústria crescerão à medida que habilidades digitais e energia renovável se tornarem mais críticas em outros setores.
São Paulo, 06 de outubro de 2025 — A Kearney, uma das principais consultorias globais de gestão estratégica, divulgou hoje um estudo, em colaboração com a IEEE Power and Energy Society, que revela a insuficiência de engenheiros com habilidades e capacidades adequadas para gerenciar a evolução do uso de combustíveis fósseis para energia sustentável.
As descobertas fazem parte do novo relatório da Kearney, O futuro da força de trabalho em energia, desenvolvido a partir de dados do setor, análises, observações detalhadas e uma pesquisa com quase 200 executivos e engenheiros seniores do setor, além de mais de 770 especialistas em engenharia de 37 países ao redor do mundo.
“Com avanços tecnológicos massivos na necessidade de energia elétrica nos próximos anos, os líderes do setor global de energia precisam compreender a magnitude da escassez de talentos que se aproxima,” disse Claudio Gonçalves, sócio da prática de energia, energia elétrica e utilities da Kearney. “Simplesmente não há engenheiros suficientes com as habilidades e capacidades necessárias para implementar as mudanças exigidas nesta década — e essa lacuna está crescendo.”
É preciso aumentar número de engenheiros com um conjunto de habilidades mais amplo
O estudo constatou que a indústria não precisa apenas de mais engenheiros. Ela precisa de uma força de trabalho mais diversa, com um leque maior de habilidades para viabilizar a transição energética, incluindo competências técnicas como inteligência artificial generativa, aprendizagem de máquina, uso de drones e robôs, além de análises avançadas, gestão de bancos de dados e uma compreensão mais profunda das implicações econômicas, sustentáveis e sociais.
No entanto, os currículos de engenharia nas universidades, juntamente com os programas de formação, não estão acompanhando essa demanda, deixando os engenheiros sem as competências multidisciplinares e a expertise digital necessárias para o sucesso.
A competição por talentos em engenharia é intensa e crescente
Mesmo com a demanda por mais talento na engenharia, o setor tem dificuldades em recrutar e reter profissionais. Os dados da pesquisa mostram que quase metade de todos os engenheiros de energia mudou de emprego dentro da própria empresa, passou a outro empregador ou deixou o setor completamente desde 2021. Os principais motivos citados são burnout, trabalho pouco estimulante e dificuldade de fazer uma transição lateral.
Outros setores, como TI e tecnologia, exigem muitas das mesmas habilidades que o setor de energia precisará na próxima década, e estão melhor posicionados para atrair talentos graças à sua imagem mais glamourosa e pacotes salariais mais altos. Essas indústrias podem captar talentos seniores, assim como recém-formados em engenharia buscando seu primeiro emprego.
Brasil
Para colocar essa iniciativa em perspectiva, a Kearney e o IEEE PES ouviram mais de duas dezenas de executivos no Brasil, assim como em países como Alemanha, Índia, Líbano, Paquistão, Panamá, África do Sul e Estados Unidos, revelando que mudanças nas políticas energéticas nacionais estão impulsionando investimentos maciços em infraestrutura de energia, o que, por sua vez, cria oportunidades de crescimento e emprego em diversos domínios do setor energético, incluindo geração, transmissão, distribuição e serviços de engenharia. Segundo a análise, essas ações de governo e setor privado reafirmam o compromisso do Brasil em acelerar a transição para uma matriz mais sustentável, além de refletir uma tendência global de investimentos em energias renováveis e inovação tecnológica, que devem gerar milhões de empregos ao redor do mundo até 2030.
No contexto das tendências globais de investimentos e políticas energéticas, o Brasil destaca-se como uma economia com ambiciosos planos de transformação no setor de energia. Com uma meta de gerar 81% de sua energia de fontes renováveis até 2029, o país está investindo cerca de US$ 100 bilhões por meio de leilões de energia e acordos de compra de energia competitivos. Essa estratégia visa não apenas aumentar a participação de fontes limpas na matriz energética, mas também impulsionar o crescimento econômico e a criação de empregos. Estima-se que esses investimentos possam gerar mais de 7,5 milhões de novos empregos ao longo da próxima década.
Todos os stakeholders precisarão agir
O estudo também apresenta recomendações específicas para empresas, universidades e associações do setor manterem-se alinhados à evolução da rede elétrica, acelerando a adoção de tecnologias, reforçando habilidades e aprimorando a preparação da força de trabalho. As empresas precisarão planejar melhor e investir em construções mais robustas. As associações industriais deverão ampliar suas ofertas para incluir uma maior diversidade e equilíbrio de gênero entre seus membros. As universidades precisarão expandir seus currículos e formar engenheiros mais completos.
“A transição energética é o maior desafio enfrentado pela indústria de energia, e isso criará oportunidades e inovações incríveis,” disse Gonçalves. “Essa mensagem deve fazer parte da proposta de valor ao funcionário que as companhias de energia usam para recrutar a próxima geração de engenheiros: estamos resolvendo um problema enorme para o planeta, e precisamos da sua ajuda”.
Veja o estudo completo aqui
Sobre o Estudo Kearney/IEEE sobre o futuro da força de trabalho em energia
Para compreender os desafios da força de trabalho na indústria de energia relacionados à transição energética, a Kearney, em colaboração com o Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE) Power and Energy Society, realizou uma pesquisa com 190 executivos do setor e 771 engenheiros em 37 países. A empresa também entrevistou 27 executivos de empresas de geração, transmissão e distribuição de energia, serviços de engenharia e fabricantes de equipamentos elétricos de diversos portes, além de dois representantes de universidades públicas.