A Convenção Internacional dos Direitos da Criança, aprovada em 1989 e que conta com a adesão da grande maioria dos países, estabelece em seu artigo 31 que "os Estados Partes reconhecem o direito da criança ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre participação na vida cultural e artística".
Ao reconhecer esse direito, completa o artigo 31, "os Estados Partes respeitarão e promoverão o direito da criança de participar plenamente da vida cultural e artística e encorajarão a criação de oportunidades adequadas, em condições de igualdade, para que participem da vida cultural, artística, recreativa e de lazer".
Neste sentido permanecem muitos desafios para as sociedades, pois em geral a desigualdade de oportunidades no exercício do direito ao brincar está sujeita às diferenças socioeconômicas das crianças. Aquelas que pertencem a setores mais vulneráveis têm menores possibilidades de acesso a ofertas culturais e recreativos. Assim os Estados podem encontrar no brincar e na vida ativa um veículo para a inclusão social, por meio de políticas públicas que fomentem situações lúdicas e espaços públicos propícios, desenhados de acordo com as necessidades da infância.
Vida saudável – O brincar está diretamente associado a uma vida saudável e ao desenvolvimento integral da criança. Como assinala o pedagogo italiano Francesco Tonucci, "brinquedo, movimento e infância se somam e de alguma maneira se conjugam. Quer dizer, uma criança é criança se pode brincar, e pode brincar se pode mover-se. Isto já abre um montão de oportunidades. Não é brincar ficar quieto frente a uma tela. Pode ser divertido, pode ser interessante, mas o brincar necessita condições particulares de prazer, aventura, descobrimento e risco. Isto está conectado com o movimento, que é uma das condições mais problemáticas para as crianças, que não podem sair de casa sem adultos. E com um adulto que me acompanha eu não posso brincar, porque o brinquedo necessita não apenas movimento, mas também liberdade. Quer dizer, necessita um movimento livre e isto é uma das experiências básicas da infância".
Deste modo, promover o movimento se converte em uma missão fundamental na infância. Mais ainda em tempos onde o uso de novas tecnologias avança entre as atividades preferidas das crianças, substituindo os jogos e brinquedos ativos e aumentando as práticas sedentárias.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o recomendável é que as crianças e adolescentes realizem atividades físicas na forma de brinquedos, jogos, esportes, deslocamentos, atividades recreativas ou educação física, todos os dias, ao menos por 30 minutos.
O movimento e a vida ativa, indica a OMS, repercutem em importantes melhorias na saúde das crianças, como a melhoria do Índice de Massa Corporal e redução dos riscos de enfermidades não transmissíveis, como a obesidade; a manutenção da pressão arterial em índices normais; o aumento da autoestima e autoconfiança, melhorando as relações interpessoais; o fortalecimento de hábitos saudáveis, como a prevenção ao consumo de fumo, álcool ou drogas; e indução a uma maior criatividade.
Escola em Movimento – Conjugar o brincar com a vida saudável é o propósito do Programa Escola em Movimento, uma iniciativa corporativa do Grupo Arcor e praticado na Argentina e no Chile, pela Fundação Arcor, e no Brasil pelo Instituto Arcor Brasil.
O objetivo específico do Programa é incentivar a vida ativa, por meio do brincar e da recreação em escolas públicas de ensino fundamental. O Programa Escola em Movimento tem três linhas de atuação: apoio a projetos escolares, mobilização de atores e formação dos educadores.
Na primeira edição no Brasil, foram apoiados projetos de treze escolas da região de Piracicaba e Capivari. Foram promovidas 24 oficinas de formação, envolvendo 1.140 educadores, e destinado apoio técnico e financeiro para as escolas envolvidas. Foram 5.900 crianças beneficiadas com as ações.
A segunda edição do Programa Escola em Movimento no Brasil, entre 2015 e 2016, acontece com o apoio a projetos de 16 escolas, de três municípios: Cabo, Escada e Ipojuca. Uma terceira edição, a partir de 2016, acontecerá no município de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
As primeiras formações de educadores das escolas pernambucanas estão acontecendo entre 26 de maio e 3 de junho. As formações estão sendo ministradas pela Escola Pernambucana de Circo, uma das mais atuantes organizações em sua área no Nordeste.
O Instituto Arcor Brasil foi criado em 2004 e tem como missão contribuir para que crianças e adolescentes tenham igualdade de oportunidades por meio da educação. O Instituto atua preferencialmente nas regiões onde a Arcor do Brasil tem suas fábricas, no interior de São Paulo e regiões metropolitanas de Belo Horizonte (MG) e Recife (PE), relacionando-se com as comunidades locais. Já são mais de 330 projetos apoiados pelo Instituto nesses nove anos pela Educação. O Instituto possui quatro linhas de ação: apoio a projetos e organizações, geração e divulgação de conhecimentos, defesa de direitos e relações com a comunidade.