São Paulo, junho de 2015 – Após quatro anos de pesquisa, a BR3, empresa associada ao Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), está pronta para colocar no mercado o DengueTech, um tablete biolarvicida contra o Aedes Aegypti. A biotecnologia foi desenvolvida pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), licenciada à empresa por meio de acordo firmado em 2011, após chamada pública para seleção de empresa parceira, visando a fabricação de produto desenvolvido a partir das pesquisas da cientista Elisabeth Sanches.
Trata-se de um tablete que contém o microrganismo Bacillus thuringiensis israelensis, conhecido como Bti. Seu funcionamento é muito simples, basta colocar o comprimido no recipiente onde pode se acumular água, mesmo que ainda esteja seco, e isso já basta para inviabilizar o criadouro por um período de 60 dias. Quando a água chegar e os ovos do mosquito eclodirem, as larvas vão ingerir o Bti e morrerão antes de se tornarem adultos.
Segundo Rodrigo Perez, diretor da BR3, ao longo do período de transferência e adequação da tecnologia às práticas da indústria, "a BR3 melhorou ainda mais a eficácia do produto. Tivemos bastante sucesso nisso: aumentamos a eficácia em 700% e a velocidade de ação em outros 200%". Para o empresário da empresa de biotecnolgia, o fato de estar dentro do Cietec foi essencial para o sucesso do DengueTech. "Por estarmos no Centro de Inovação, a proximidade e acesso a laboratórios acadêmicos e pesquisadores, como os do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), foram determinantes para o progresso e sucesso desta fase do projeto", completou o empresário.
Perez explica os benefícios do uso do Bti como biolarvicida, que já é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). "O controle biológico do Aedes aegypti com o Bti passará a ser sustentável, pois o Bti não permite que o mosquito desenvolva resistência; é seguro, já que pode ser colocado em água potável e não é irritante a olhos ou pele; é muito prático de usar, não exige preparação de fórmulas e é aplicado em doses mínimas".
Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec, é um entusiasta do DengueTech. "A função da incubadora é incentivar suas empresas a inovarem de forma a impactar positivamente a sociedade. O DengueTech, sem dúvida, é um dos produtos mais relevantes que já saíram do Cietec, nos nossos 17 anos de atividade".
A epidemia de dengue no Brasil
Segundo a OMS, uma epidemia acontece quando há mais de 300 casos de uma doença a cada 100 mil habitantes. Em 2015, a região Sudeste continua a liderar o número de casos, mas o Nordeste e o Centro-Oeste já atingiram o índice que as coloca em situação de epidemia. Dos 10 estados brasileiros com maior população, os casos mais que dobraram em nove deles, cinco já enfrentam epidemia, e outros dois ultrapassaram a marca dos 200 casos /100.000 habitantes.
Entre janeiro e junho (13/06/15) desse ano, foram registrados 1,1 milhão de casos da doença. As mortes por dengue confirmadas em território nacional, por sua vez, aumentaram 42% passando de 306, em todo o ano 2014, para 434, no período relatado de 2015. Para Rodrigo Perez, os números tendem a ser ainda maiores "já que a subnotificação e a dengue assintomática são relevantes no contexto da epidemia, o que aumenta a responsabilidade e a demanda por melhores práticas no controle dos vetores. Estamos perdendo a guerra contra os mosquitos.".
Sobre o Cietec
O Cietec, Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia, inaugurado em abril de 1998, tem como missão incentivar o empreendedorismo e a inovação tecnológica, apoiando a criação, fortalecimento e a consolidação de empresas e empreendimentos inovadores de base tecnológica. Em suas unidades de negócio, São Paulo e Mogi das Cruzes, são conduzidos processos de incubação de empresas inovadoras, em diferentes níveis de maturidade. Nesses processos o Cietec oferece serviços de apoio para demandas nas áreas de gestão tecnológica, empresarial e mercadológica, além de infraestrutura física para a instalação e operação dessas empresas. O Cietec possibilita a ampliação d o índice de sobrevivência e competitividade das micro e pequenas empresas, oferecendo a excelência de sua infra-estrutura, a capacitação do seu recurso humano e a comercialização e busca por inv e stimento, como o investimento-anjo, capital semente e venture capital (capital de risco).