Equipe do IMT integrará projeto da Agência Espacial Europeia e do centro aeroespacial alemão DLR, contribuindo com tecnologias de simulação para a exploração de Encélado, uma das maiores promessas de vida extraterrestre no Sistema Solar
O Instituto Mauá de Tecnologia foi convidado a integrar uma das mais ambiciosas missões espaciais da próxima década: a exploração de Encélado, uma das luas de Saturno. A missão, coordenada pela Agência Espacial Europeia (ESA) em parceria com o centro aeroespacial alemão DLR, tem como objetivo investigar sinais de vida num dos corpos celestes mais promissores do Sistema Solar. O convite é resultado do reconhecimento à trajetória da Mauá, que desde 2003 participa de missões científicas internacionais, como as espaciais CoRoT e PLATO.
A contribuição do IMT será essencial na criação de um simulador avançado, que atuará como um “gêmeo digital” da missão. Esse sistema permitirá prever cenários complexos e desenvolver soluções de engenharia confiáveis em todas as etapas do projeto.
“Nossa equipe tem experiência acumulada na criação de simuladores realistas, que não apenas testam, mas também ajudam a construir a missão desde sua concepção até a análise científica dos dados. A participação da Mauá consolida seu protagonismo no cenário aeroespacial internacional e reforça seu compromisso com o avanço da ciência e da engenharia de fronteira”, afirma o professor Vanderlei Parro, professor de Engenharia Elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia.
Encélado – Lua de Saturno
Encélado é uma lua com apenas 500 km de diâmetro, mas que abriga um vasto oceano subterrâneo sob sua superfície congelada. Desde que a sonda Cassini identificou, em 2005, jatos de vapor d’água e partículas orgânicas expelidos por fendas na crosta — as chamadas “listras de tigre” — a comunidade científica passou a considerar esse pequeno satélite um dos alvos mais promissores na busca por bioassinaturas.
“A missão prevê o lançamento de uma espaçonave que realizará sobrevoos por Encélado para coletar material diretamente desses gêiseres espaciais. Em seguida, a nave deverá entrar em órbita da Lua e, eventualmente, realizar uma perfuração na crosta. Os dados obtidos nos sobrevoos poderão oferecer pistas valiosas sobre as condições do oceano interior. Além disso, a grande vantagem de estudar Encélado é não precisarmos perfurar o gelo para ter acesso ao que está abaixo dele — o próprio oceano se manifesta pelos jatos, o que torna a missão mais eficiente do ponto de vista científico”, explica o professor Vanderlei Parro.
Próximas fases do projeto
Atualmente, o projeto encontra-se em fase de análise e deverá ser aprovado até o segundo semestre de 2025. O lançamento está previsto para ocorrer a partir de 2026, com os primeiros resultados esperados por volta de 2050. Dada a grande distância envolvida — cerca de 1,5 bilhão de quilômetros — e os desafios técnicos, a missão exigirá soluções robustas contra radiação, falhas eletrônicas e micrometeoritos.
“Ainda que não envolva o retorno físico de amostras, a missão prevê a análise in situ dos materiais coletados, com envio de dados à Terra por meio de ondas eletromagnéticas. Além do avanço científico, a Mauá acredita que o projeto terá um forte impacto educacional e cultural”, finaliza.