São Paulo, 18 de janeiro de 2006 – Já faz alguns anos que o debate sobre o melhor método de alfabetização divide opiniões de professores e pedagogos no Brasil. De um lado, há os que defendem o construtivismo e a linguagem total, em que o aluno deve aprender a ler e escrever utilizando textos completos desde o início. Do outro, os que acreditam no método fônico, em que o aluno aprende a associar letras e sons, até adquirir a leitura e a escrita. Sem propor a volta do método fônico, mas sim desejando estimular o ensino da fônica, Adriana Costa e Regina Lamprecht traduziram a adaptaram “Consciência Fonológica em Crianças Pequenas” (Artmed Editora), obra das norte-americanas Marilyn Adams, Barbara Foorman, Ingvar Lundberg e Terri Beeler.
O livro começa com atividades bastante simples, como jogos de escuta onde o objetivo é que as crianças prestem somente atenção aos sons, como tentar encontrar um despertador tocando, e evoluem para atividades mais complexas e já ligadas diretamente à alfabetização, como reconhecimento de fonemas, distinção de vogais e formação de palavras.
“Cada conjunto de atividades é precedido de uma explicação de sua fundamentação em termos de lingüística e de desenvolvimento do letramento”, conta Regina Lamprecht, doutora em letras e coordenadora do Centro de Aquisição e Aprendizagem da Linguagem (CEAAL). Além dos aspectos práticos, a obra ainda traz uma fundamentação teórica atual, baseada em pesquisas recentes, e um teste de avaliação flexível, que possibilita a triagem em grupos de até 15 crianças. “Esse instrumento tem um duplo propósito: facilitar o planejamento das atividades e identificar aquelas crianças que necessitam de um auxílio adicional”.
Consciência fonológica e alfabetização
Em diversos países de línguas alfabéticas, pesquisas sobre consciência fonológica apontam que a capacidade de uma criança associar sons da fala às letras prediz, em até 50%, seu futuro sucesso na aprendizagem da leitura e da escrita. Segundo as autoras americanas, antes que possam ter qualquer compreensão do princípio alfabético, as crianças devem entender que aqueles sons associados às letras são precisamente os mesmos sons da fala.
“Consciência fonológica é a habilidade de refletir, pensar e manipular os sons que constituem a fala. Envolve a capacidade de perceber que as palavras são formadas por diferentes grupos de sons, ou seja, as sílabas, ou sons individuais, os fonemas”, explica Adriana Costa, fonoaudióloga e doutoranda em educação. “Num sistema de escrita alfabético, como o português, no qual cada som corresponde a uma letra, salvo algumas relações motivadas pela diacronia, esta tomada de consciência torna-se extremamente importante para o aprendizado da leitura e da escrita”.
“Consciência Fonológica em Crianças Pequenas” é uma obra voltada para a prática em sala de aula, para auxiliar professores no planejamento de suas atividades. É também um eficiente recurso adicional que fonoaudiólogos e psicopedagogos podem usar na terapia de crianças com dificuldades na alfabetização, ou com transtornos graves de aprendizagem da leitura e da escrita, como a dislexia, para a qual o método fônico já demonstrou, em várias pesquisas, ser o mais eficiente.
Finalmente, o propósito do livro, de acordo com suas autoras, é proporcionar atividades concretas que estimulem o desenvolvimento da consciência fonológica na sala de aula de pré-escola e 1ª série, levando os alunos a pensarem sobre a estrutura da língua, e possibilitando uma compreensão lógica do nosso sistema de escrita.
Versão brasileira
A edição de “Consciência Fonológica em crianças pequenas” que chega aos leitores brasileiros, além da simples tradução do inglês para o português, foi totalmente adaptada à realidade do País, levando em conta o sistema fonológico e as características do léxico da língua portuguesa. Houve também o acréscimo de bibliografia com trabalhos e pesquisas feitas no Brasil, com crianças falantes do português.
Sobre as tradutoras
Regina Ritter Lamprecht
Doutora em letras pela PUCRS, em Linguistica Aplicada, e.coordenadora do Centro de Aquisição e Aprendizagem da Linguagem (CEAAL). Também trabalhando como pesquisadora do CNPq, foi co-autora de Avaliação Fonológica da Criança (Yavas, Hernandorena e Lamprecht – Artmed – 1992) e de Aquisição Fonológica do Português (Lamprecht, Bonilha, Freitas, Matzenauer, Mezzomo, Oliveira e Ribas – Artmed – 2004).
Adriana Corrêa Costa
Fonoaudióloga clínica e doutoranda em Educação na UFGRS, concentrando seus estudos em Psicopedagogia, Sistema de Ensino/Aprendizagem e Educação em Saúde. Mestre em Letras pela PUCRS, na área de Lingüística Aplicada, foi co-autora de CONFIAS – Consicência Fonológica: Instrumento de Avaliação Seqüencial (Moojen, Lamprecht, Santos, Freitas, Brodacz, Costa e Guarda (Casa do Psicólogo, 2003).
Sobre a Artmed Editora
A Artmed Editora é responsável pela publicação, em português, de livros acadêmicos e profissionais nas áreas de ciências biomédicas, educação e saúde mental. Atua também nas áreas de administração, ciência e tecnologia com o selo Bookman. A empresa possui mais de 1300 títulos em catálogo, com uma média de 400 novas obras lançadas por ano. A Artmed mantém contratos de exclusividade com conceituadas editoras dos Estados Unidos e de diversos países da Europa e da América Latina. Com matriz em Porto Alegre e filial em São Paulo, a empresa conta com uma eficiente rede de distribuição para todo o Brasil e para Portugal e também efetua vendas via Internet.