São Paulo, 2 de outubro de 2006 – Nos últimos anos, o elevado crescimento da cidade de São Paulo gerou uma nova praga urbana: o urubu de cabeça preta. O aumento dos lixões na cidade e o grande número de edifícios tornaram-se ambiente propício à procriação com alimentação e local para postura de ovos.
No entanto, controlar seu crescimento não é tão simples quanto cupins e outras pragas, apenas com aplicação de inseticidas. É isso que afirma o biólogo Randy Baldresca, proprietário da Biópolis, empresa de controle de pragas urbanas localizada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec). De acordo com Randy, os urubus são necessários ao equilíbrio do meio ambiente, uma vez que se alimentam de material em decomposição, principalmente animais mortos e lixo orgânico. Assim não devem ser mortos.
Para erradicá-los, de acordo com Randy, o primeiro passo é espantá-los das sacadas. Para isso, é preciso impedir seu pouso. Ao longo da borda das varandas são afixadas espículas especiais resistentes entrelaçadas com fios de nylon. Desse modo, o animal não tem onde pousar. Já os ovos, colocados devem ser retirados e descartados. Para isso, primeiro é preciso espantar a mãe, com barulhos e bambus, por exemplo. “Esses animais não se sentem intimidados na presença humana. Por isso os bambus servem como uma arma que os assusta”, afirma o biólogo.
Uma região que sofre com tais aves oportunistas( assim como morcegos e pombos, por exemplo) são os bairros nos arredores do Parque Ibirapuera e outros que possuam edifícios altos ou grandes arranha céus. Com o aumento no número de visitantes no parque, aumentou também a produção de lixo orgânico. Esse material atraiu os urubus para a região. E na postura dos ovos, ao procurarem um local, encontram nos prédios dos arredores condições ideais.
O Coragyps Atratus, nome científico do urubu de cabeça preta, é um necrófago, ou seja, que se alimenta de material em decomposição e em alguns casos, também podem predar pequenas aves ou mamíferos doentes, fracos ou desprotegidos. Sem predadores naturais, o urubu tem o hábito de pôr seus ovos em locais altos, em geral em depressões rochosas, chão ou buracos de árvores com altura privilegiada. Costumam pôr dois ovos por vez e o período de incubação é de 40 dias. Após o nascimento, o filhote leva cerca de 10 semanas até seu primeiro vôo.
Outras pragas
A Biópolis, além dos urubus, desenvolve técnicas de pesquisa e de controle para outras pragas urbanas. Dentre elas, a empresa atua no controle de pombos, ratos, camundongos, baratas, pulgas, formigas, brocas de madeira e cupins. Dentre os diferenciais dessa empresa está a metodologia diagnóstica, não se restringindo apenas na aplicação de inseticidas e sim no estudo e na compreensão da questão como um todo, realizando um trabalho dirigido e minucioso acerca do problema, para posteriormente chegar a uma conclusão definitiva. Para isso conta com uma equipe especializada composta por arquitetos, gestores ambientais, biólogos, entre outros.
Sobre o Cietec
Um dos mais importantes centros incubadores do País, o Cietec foi criado em abril de 1998 por um convênio entre a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, o Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa de São Paulo (Sebrae-SP), Universidade de São Paulo (USP), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). As incubadoras são uma forma de incentivo ao desenvolvimento de tecnologia, muito popular no exterior, e que está se fortalecendo a cada dia no Brasil. Seu objetivo é incubar empreendimentos de base tecnológica para ampliar o índice de sobrevivência e a competitividade dessas empresas, objetivando o crescimento da economia brasileira, o aumento da geração de empregos qualificados e de melhores resultados na balança comercial brasileira.